ensino médio. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), esse prêmio salarial é de 54%. Os dados são do relatório Education at Glance, divulgado nesta terça-feira.
Os dados mostram ainda que a escola também garante maiores chances de conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho. De acordo com o Education at Glance, 10% dos jovens adultos (população entre 25 a 34 anos) sem ensino médio estão desempregados, em comparação com 8% daqueles que terminaram essa etapa escolar. Já entre os que fizeram uma graduação, essa proporção cai para apenas 5%. Na OCDE, essas faixas são de 13%, 7% e 5%, respectivamente.
Especialistas e gestores educacionais, no entanto, apontam que o Brasil vive um momento de descrença na educação entre os jovens. Pesquisadores apontam que o absenteísmo crônico (alunos que faltam 10% ou mais das aulas durante o ano letivo) nas escolas explodiu e que o mercado de trabalho está atraindo até adolescentes que não precisam complementar a renda em casa.

Uma outra publicação da OCDE, o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS, na sigla em inglês), também aponta que 21% dos alunos brasileiros faltam pelo menos uma vez na semana as aulas, o terceiro maior patamar entre 36 países analisados. Nesse grupo, estão nações como Chile, Turquia, Alemanha, Itália, Espanha, Japão e Coreia do Sul. A média entre eles é de apenas 13%.
Focos diferentes
O Education at Glance mostra ainda que as graduações mais procuradas pelos graduandos de países da OCDE são de dois grupos: 1) ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) e 2) negócios, administração e direito. Cada um deles reúne 23% dos estudantes. Já a área de artes e humanidades, ciências sociais, jornalismo e informação compõe um segundo grande grupo de alunos, com 22%.
Já no Brasil, essa proporção é bem mais desequilibrada: 34% estão em áreas de negócios, administração e direito — os dois últimos cursos são os maiores do país. Já a área de STEM corresponde a 16% dos bacharelados e a de artes e humanidades, ciências sociais, jornalismo e informação reúne 8%.
A evasão do ensino superior também é maior no Brasil do que em outros países da OCDE — só 49% dos ingressantes brasileiros terminam seu curso três anos depois do que era esperado, enquanto na média da organização isso sobe para 70%. Este é um motivos pelos quais só 24% dos jovens brasileiros de 25 a 34 anos concluem o ensino superior, enquanto na OCDE isso chega a 49%.
As taxas de conclusão ainda variam de acordo com a área de estudo. Em média, na OCDE, apenas 58% dos novos ingressantes em programas de bacharelado em áreas STEM se formam três anos após o término previsto dos estudos. As taxas de conclusão na área de saúde e bem-estar são significativamente maiores, chegando a 74%. No Brasil, as taxas de conclusão em STEM são de 38%, inferiores às de saúde e bem-estar, que são de 46%.
No Brasil, de acordo com o Education at Glance, o gasto médio por aluno (considerando a criança do ensino fundamental ao jovem da graduação) é de US$ 3,7 mil, cerca de um terço da média da OCDE. Comparado a outros países latino-americanos, o valor é menor do que na Argentina, Chile, Costa Rica e Argentina, e maior do que no México e no Peru. No entanto, o país utiliza 4,3% do PIB, acima da OCDE, que utiliza 3,6%.
Nos próximos anos, no entanto, a previsão é de que de que o número de crianças caia. Com isso, o valor investido por aluno pode subir a patamares mais equilibrados ao que se é investido na OCDE. De acordo com o Education at a Glance, o número de crianças de 0 a 4 anos vai cair 9% até 2033.
A OCDE é conhecida como um grupo de países ricos. O Brasil participa desses estudos como convidado, junto de outros países da América Latina, como Argentina, Chile, Peru e México. Ela se define como uma organização econômica intergovernamental que se dedica a estimular o progresso econômico e o comércio mundial. Para isso, estuda e promove meios para melhorar políticas públicas em áreas como política econômica, comércio, ambiente, ciência e tecnologia e educação. O intercâmbio desses conhecimentos entre os países é uma das vantagens de integrar a organização.
Divulgado anualmente pela OCDE, o Education at a Glance reúne e compara os principais indicadores internacionais ligados à educação. Os dados são fornecidos pelos próprios países. Fazem parte da organização economias desenvolvidas como Alemanha, EUA e Japão, além de países emergentes como Turquia e México. Outro grupo de nações, como o Brasil e Argentina, participa do levantamento, mas como convidado.
Fonte: O Globo